8 de março de 2008

LUCAS RODRIGUES JUNOT (1902 - 1968) - Cantor



Lucas Junot: Um Brasileiro a Cantar Coimbra[i]
(Texto com base na investigação do Rui Lopes, feitano ano de 2005)

Lucas Rodrigues Junot nasceu em Santos, Brasil, a 20 de Janiro de 1902. Filho de emigrantes portugueses em terras de Vera Cruz e morre nmesma cidade brasileira, a 29 de Agosto de 1956.
É em Santos que aprende as primeiras letras e faz os primeiros estudos até que em 1914 a família decide regressar a Portugal, instalando-se em Coimbra junto às escadas do Quebra-Costas onde habitará antes de se mudar para Montarroio. Segundo Jorge de Cantanhede é para saber onde ficavam as míticas escadas do Quebra-costas que Lucas Junot abordará pela primeira vez um polícia em Portugal, que o terá amedrontado um pouco.

Já instalado em Coimbra, é nesta cidade que frequentará o Liceu até ingressar no Curso de Matemática na Faculdade de Ciências, em 1922. Porém, já nesta época algo o destacava: cantava Fado de Coimbra quando ainda era “bicho”. Fará parte da Tuna Académica da Universidade de Coimbra, participando nas famosas tournées a Espanha (1922) e ao Brasil (1925).

A cantar Coimbra destacava-se pela sua voz característica, que Artur Paredes lhe viria a dar o epíteto de “Gata Miadeira”. Cantou muitas Canções de Coimbra, como por exemplo: Fado dos Passarinhos (Passarinho da Ribeira), Fado Sepúlveda, entre outros, em que se acompanhava ele próprio à guitarra. No entanto, ficará mais conhecido por ser o autor do célebre Fado de Santa Clara (eu ouvi de Santa Clara …), que segundo Divaldo Gaspar de Freitas terá sido inspirado ao passar a ponte de Santa Clara a olhar para Santa Clara.
Deixaria para a posterioridade vários discos de setenta e oito rotações que foi gravar a Londres.
Contudo, também continuava a cursar Matemática concluindo o curso em 1927. Paralelamente ao curso de Matemática, também namorava aquela que seria a sua futura esposa: Eugénia Gaupin de Abreu e Sousa.
Segundo Maria Isabel Cabral Moncada Cordeiro, que vivia com a tia Eugénia em Abrantes, Lucas Junot ia de comboio de Coimbra a Abrantes namorar a sua tia, fazendo-se sempre acompanhar da sua guitarra em que fazia grandes serões a tocar e a cantar no quintal da casa. Nesse mesmo ano, ter-se-á casado com a D ª Eugénia, num casamento de que nasceram três filhos: um rapaz e duas raparigas, e rumou a Luanda onde trabalhou no Banco de Angola. Porém, o seu desejo era regressar ao Brasil Natal, pelo que regressou a Portugal e no ano seguinte rumou para Santos.

Divaldo de Freitas, refere que ao chegar ao Brasil, quando perguntaram ao carregador de quem era a bagagem que transportava este respondeu, apontando para Lucas Junot: São daquele português! Chegava ao Brasil ao ponto de ser confundido com um português, porque levava Coimbra para o Brasil.
Instalou-se em Santos, mas também trabalhou no Rio de Janeiro e em S. Paulo, tendo feito parte da Academia de Ciências.

Já a trabalhar no Brasil havia algo que mexia sempre com o seu coração: Coimbra! Que fazia tenção de rever antes de deixar esta vida e sempre que Divaldo de Freitas vinha a Coimbra dizia-lhe: abrace Coimbra por mim!. Pois sempre que havia encontros de Antigos Estudantes de Coimbra ou algo relacionado com Coimbra, Lucas Junot era sempre presença assídua. Pois, quando foi fundada a Associação dos Antigos Estudantes de Coimbra no Brasil, Lucas Junot foi um membro fundador e dos membros mais activos desta.

Em 1967, cumpriu-se o desejo de rever Coimbra ao ter ganho uma Bolsa da Gulbenkian. Regressou a Coimbra, tendo ficado admirado com tudo, pois, não podemos esquecer que quando Junot foi para o Brasil ainda era o tempo da Velha Alta de Coimbra. Além disso, também aproveitou o seu tempo em Portugal para visitar os seus contemporâneos da Universidade de Coimbra. Quando esteve em Lisboa, também visitou a loja da Valentim de Carvalho na baixa lisboeta, em que perguntou se ainda tinham algum disco do “Rouxinol do Mondego” (nome pelo qual era conhecido nos seus tempos de Coimbra). Disseram-lhe que tinham um disco mas que era uma relíquia da casa, pelo que não o venderiam a ninguém, a não ser que o próprio Lucas Junot lá fosse. Foi então que Junot mostrou o passaporte e se identificou, pelo que acabaram por lhe oferecer o disco.

Segundo Maria Isabel Cabral Moncada Cordeiro, também visitou Santarém tendo estado na sua casa e ido junto à sepultura de Pedro Álvares Cabral.Es senhora, acompanhou os tios ao aeroporto onde os salvou de não poderem embarcar devido a uma taxa de cem escudos que era necessário pagar e eles apenas tinham dinheiro brasileiro que ninguém queria trocar, pelo que lhes facilitou os cem escudos e os tios embarcaram para o Brasil.

Tinha cumprido o seu sonho: rever Coimbra antes de falecer! Pois, no ano seguinte, faleceu a 29 de Agosto em Santos, tendo sido sepultado no cemitério de Paquetá no dia seguinte, enquanto que a sua viúva ainda viveria muito tempo, pois, faleceu há dois anos em Santos com noventa e sete anos de idade.
Desta forma, resta-nos o seu memorial através dos discos e do seu espólio de Coimbra que se encontra no Museu Académico, onde a sua filha e neta vieram há cerca de seis anos doar ao Museu a Guitarra, a Capa, uma Fotografia, Discos, e as Fitas de Curso.
Para terminar, deixo também a letra das mais célebres Canções de Coimbra que Junot cantou.

PASSARINHO DA RIBEIRA

Passarinho da ribeira
Se não és meu inimigo
Empresta-me as tuas asas
Deixa-me ir voar contigo

Ao longe cortando espaço
Vai um bando de andorinhas
Que te levam um abraço
E muitas saudades minhas

FADO SEPÚLVEDA

Dizem que amar é viver
Mas mesmo morte que fosse
Que me importava morrer
Pois se o amar é tão doce

Se os meus olhos te incomodam
Quando estão à tua frente
Eu prefiro arrancá-los
Para te amar cegamente

FADO DE SANTA CLARA

Eu ouvi de Santa Clara
Gemidos de alguém que chora
Era a Rainha pedindo
Por mim a Nossa Senhora

Aos pés de Nossa Senhora
Rezando pedi-lhe um dia
Que não rezasse chorando
Que os anjos entristecia

[i] Rui Pedro Moreira Lopes. Licenciado em História e Pós Graduado em Ciências Documentais (Arquivo) pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Guitarra de Coimbra do Grupo de Fados de Coimbra de Abrantes fundado em 1983 pelo Dr. José Amaral.

14 de janeiro de 2008

O CANTO E A MÚSICA DE COIMBRA - Século XIX

JOSÉ ANTÓNIO DOS SANTOS NEVES DÓRIA (1824 - 1869)



Quando se aborda a história do Canto e da Música de Coimbra, no século XIX, é incontornável referir o médico, compositor e violista, que foi, José Dória, o chamado "médico dos pobres". José António dos Santos Neves Dória, nasceu em Coimbra, na casa paterna na Rua do Loureiro, a 9 de Novembro de 1824, e vem a falecer na mesma cidade, na sua casa na Rua do Cabido, a 25 de Maio de 1869.
Nasce no ano do movimento militar anti-liberal "a Abrilada", conduzido por D. Miguel (1802 -1866), levando a que o pai, D. João VI (1767 - 1826), se refugiasse num navio inglês surto no Tejo. Nesse ano, em Junho, é aprovada a Carta Constitucional, que cauciona o Absolutsmo. D. Miguel, em Maio, fora desterrado para Viena de Áustria. Lá fora, o positivismo dá os primeiros passos com a publicação do "Systhémede Politique Positive, de Auguste Compte.

José Dóra, não casou, não deixou filhos. Da amizade fraterna dos seus amigos, não há dúvidas. A lápide do seu mausoléu, no cemitério da Conchada, suportada pela figura da Caridade, diz simplesmente: "dos seus amigos". O frontão que se apresenta acima, é do túmulo funerário, e é a única referência deste tipo que conhecemos sobre José Dória. A fotografia instalara-se em Coimbra nos anos 60, onde um francês, abrira uma casa de fotografia na Rua da Sofia.

Os seus pais, nascidos em Côja, mudaram-se para Coimbra já com filho João Dória, o mais velho, nascido, tendo ainda vindo a ter mais dois filhos, dos quais o do meio, o José Dória, é o médico, compositor e violista, que tão bem representa a junção da vertente de inspiração académica e da popular no Canto e na Música de Coimbra.
O filho mais novo, António Dória, teve apenas uma matrícula na Universidade.
José Dória, aos 12 anos entra no Colégio das Artes (1836), onde o pai era professor de latim, aos 15 anos, na Faculdade de Filosfia (1841)e aos 17 anos (1841) está no primeiro ano da Faculdade de Medicina, onde se vem a formar-se em 1846. Forma-se no ano da rebelião da Maria da Fonte seguida da guerra civil da Patuleia, num ano de grave crise económica e social e de revolta contra o Cabralismo. Pela Patuleia, que rebenta em Setembro de 1946, José Dória está perto dos seus 22 anos, que fará a 9 de Novembro desse ano.

José Dória entra no Colégio das Artes (1836), no ano do segundo casamento de D. Maria II (1819 - 1853) em Janeiro, viúva apenas há uma ano, casando desta vez com D. Fernando de Saxe-Coburgo-Gotha. Seu filho Pedro, (D. Pedro V) nascerá a 16 de Setembro desse ano, enquanto que o seu irmão D. Luís, que vem a ser rei, pela morte prematura de Pedro V aos 24 anos, nasce no ano seguinte, a 31 de Outubro, de 1838.

Este ano de 1846, corresponde a um período conturbado políticamente, com a revolta dos Setembristas no Porto, as demissões no Governo conservador do Duque da Terceira, e onde ainda se combatem absolutistas (guerrilhas pró-miguelistas), como seja o caso do Algarve, onde só dois anos mais tarde, é capturado e fuzilado em Faro, o seu comandante, Joaquim José da Silva Reis, o célebre "Remexido", que passara a ferro e fogo, parte do Alentejo e Algarve.

Foram criados os liceus nesse ano de 1846, ainda se compravam e exportavam escravos situação que apenas vem a ser totalmente abolida com a libertação dos mesmos em 1878. José Dória falecera há 9 anos.
Este século XIX, que começa com o Bloqueio Continental da França, comandada por Napoleão Bonaparte, e cujo governo durou de 1800 a 1814, passará pelas quatro invasões espanhola -francesa e francesas de 1801 (Godoy), 1807 (Junot), 1809 (Soult) e 1810 (Massena). A seguir, um período difícil, socio-político, que passa pela tutela, regência e comando do exército português, pelos ingleses e pelo general William Car Beresford (1778 - 1854), pela elevação do Brasil à categoria de Reino (1815), à morte de D. Maria II (1816), à execução do General Gomes Freire de Andrade e dos bravos, que com ele afrontaram o absolutismo retrógado (1817). Seguiu-e a fundação do Sinédrio, no Porto (1818), à revolução liberal de 24 de Agosto, no Porto (1820), a extinção do Tribunal do Santo Ofício (Inquisição) e ao regresso de D. João VI a Portugal (1821), à independência de facto, do Brasil e o Congresso de Viena(1822). A revolta da Vilafrancada (1823) restaura o absolutismo, no ano em que em Coimbra, os irmãos Passos iniciam a publicação do jornal "O Amigo do Povo".
O movimento anti-liberal, condizido por D.Miguel, na Abrilada (1824), tenta destituir o "pai" e leva ao seu destarramento para Viena de Áustria. Falamos de D. João VI, o "Pai oficial" de D. Miguel, pois havia quem afirmasse na Corte, que o infante seria filho dum criado ou de um médico da Corte. D. Carlota Joaquina, louca por amores extra conjugais, ardente e feia, por certo não teria grandes problemas com esses rumores. Contam os cronistas da época, que Junot, embaixador da França,vinte anos antes, e que por certo ocupava os seus sonhos "messalínicos" fugia da dita senhora a "sete pés". Os desenhos satíricos da época, apresentavam D. João VI, com um enorme "par de cornos". D. João VI, morrerá em 1826, de forma ainda por esclarecer, desconfiando-se que tenha sido envenenado. No meio destas "loucuras", o Duque de Loulé é assassinado. O povo sofre, a aristocracia conservadora diverte-se, o filho D. Pedro I (futuro D. Pedro IV de Portugal), é imperador do Brasil. No meio deste período histórico tão conturbado, nasce José Doria, a 9 de Novembro desse ano (1824). D. Pedro IV morrerá passados 10 anos (1834), subindo ao trono a sua filha D. Maria II, que governará até 1853, ano em que morre. A partir daqui, José Dória, ainda conhecerá os reis D. Pedro V (1837 - 1861),que morre de tifo na companhia de dois irmãos, na frescura dos 24 anos, e ainda o seu irmão (Lipipi), que virá a ser o nosso rei D.Luís I.

Como se disse, José Dória, nasce na casa paterna na Rua do Loureiro, com seus pais e irmão mais velho e padrinho de baptismo, João Dória. Com eles aprende as primeiras letras, e ingressa no Colégio das Artes aos seus 12 anos (1836). Aos 15 anos (1839), está na Faculdade de Filosofia, nos estudos preparatórios para a entrada na Faculdade de Medicina, onde entra com 17 anos. Corre o ano de 1841. Forma-se no ano de 1846. No ano de 1847 a Universidade está fechada, por força da Revolução da Maria da Fonte e depois da guerra da Patuleia.

Recém formado, José Dória, rapaz de ideais de justiça e de solidariedade, entra na recém criada Carbonária Lusitana (Académica), em 29 de Maio de 1848, marcando a sua discordância contra uma sociedade de pobreza, de desigualdades e de exploração, vindo a presidir à Choça Liberdade(1848). Era o "bom primo" Hufland. A esta situação, não é alheio o seu amigo Joaquim Martins de Carvalho (1822 - 1898), dois anos mais velho, carbonário, maçon e patuleia, que tanto fez como jornalista sério e honesto, e tanto nos deixou escrito, sobre a história de Coimbra e das suas gentes. A Academia sempre irreverente e satírica, não deixou "descançar" o célebre "doutor Latas" com partidas e disputas literárias, não esquecendo o facto de Joaquim Martins de Carvalho, nas suas origens, ter sido latoeiro.
Esse ano de 1847, ficou ainda célebre, entre outras situações, pelo fim da guerra civil da Patuleia e pela assinatura da Convenção do Gramido(29 de Junhode 1847), em localidade perto do Porto. A esta situação, não são alheios os ventos modernos dos novos Estatutos da Universidade vinos da Reforma Pombalina, a vinda de professores estrangeiros, entre os quais o professor Domenico Agostino Vandelli (1735 - 1816), as revoltas contra as invasões estrangeiras (de 1801 a 1810), os Batalhões Académicos, e sobretudo, os ventos de mudança que vinham da Europa.

José Dória, torna-se num médico popular, amado pelas gentes de Coimbra, está em 1851 na luta contra a cólera morbus, e nas suas consultas, os pobres não pagavam.
Com o seu irmão António, acode aos incêndios das redondezas, numa postura solidária e altruista, consentânea com os seus ideais liberais e de solidariedade.

Tocava orgão e viola desde jovem, aperfeiçoara os seus conhecimentos nas aulas de Música do professor José Maximiano Dias, mestre de música no Semináio Episcopal, que fora discípulo do lente de música José Maurício (1752 - 1815).. Compunha e tocava viola toeira, dizia-se que como ninguém. Diz-se que em jovem, construira um orgão onde ele próprio tocaria.Comparse Hermann , o grande actor e prestidigidor internacional, que Academia muito admirava, queria que ele o acompanhasse nas suas digressões pela Europa. Não aceitou, pois Coimbra e os seus doentes, estavam primeiro.
Em Lisboa, encantou, com as suas variações e o seu desempenho à viola. São do seu tempo em Coimbra, comoe referiu Joaquim Martins de Carvalho,o célebre jornalista, o maior do seu género naquela época, fundador do Observador e depois director do Conimbricense, Arnaldo de Sousa Dantas da Gama (1828 - 1869) que formado em Direito, segue para o Porto, Camilo Castelo Branco (1825 - 1890), que pouco tempo passou em Coimbra, mesmm assimo, fez amizade com Joaquim Martins de Carvalho, o poeta António Gonçalves Dias (1823 - 1864), José Anchieta (1832 - 1897), António de Oliveira da Silva Gaio (1830 - 1870), o médico e lente da Universidade, autor do livro "Mário", que vem à estampa ainda em vida de José Dória (1868), António Augusto Soares de Passos (1826 - 1860) o poeta ultra-romântico do "Noivado do Sepulcro", o lente em Cânones, Vicente Ferrer Neto Paiva (1798 - 1886) crítico acérrimo de Costa Cabral, deputado e ministro do Reino, Tomás Ribeiro (1831 -1901), o grande João de Deus(1830 - 189) o poeta ultra-romântico, Serpa Pimentel (1825 1900), e muitos outros.

Também, Almeia Garrett (1799 - 1854), António Pedro Lopes de Mendonça (1826 - 1865), o célebre actor Taborda, de seu nome Francisco Alves da Silva Taborda, que tantos peças representou em Coimbra, ficando célebre na irreverênca académica "o rapto o actor Taborda", Inocêncio Francisco da Silva (1810 - 1876), José Dias Ferreira (1837 - 1909), António de Oliveira Marreca (1805 - 1889),Rebelo da Silva (1822 - 1871), Passos Manuel (1801 - 1862),José Estêvão (1808 - 1862), António Feliciano de Castilho (1800 - 1875), Joaquim António de Aguiar (1792 - 1884),Julio Dinis (1839 - 1871), Emília das Neves (1820 - 1883),etc.

Sobre José Dória, Teófilo Braga (1843 - 1926) escreveu: "Este médico, bela figura de peninsular, assombrava todos com as suas variações sobre o Fado de Coimbra"

Joaquim de Vasconcelos (1858 - 1941) que o conheceu em 1863, ficou encantado com a pessoa e com o artista, e sobre ele, refere no seu livo "Os Musicos Portugueses" as suas composições para viola toeira:

- A Dôr, Resignação, Saudade, 2 Valsas Burlescas, Capricho burlesco, Canção ingleza, Queixume, Um Sonho, Canção Tyroleza, I Remember, Mazourka, Desalento, Lamentos, Caprichosa, Serenata, Desdém, Incógnita, Tango: Ai, que ferro!, Fantasia obre a Walsa do Pardon de Ploermel, Variações sobre o Carnaval de Veneza, Marcha Solemne, Preghiera, Capricho de Concerto (Introdução - Andante - Scherzo - Final). Acrescenta ainda Joaquim de Vasconcelos: "Quem haverá em Coimbra que não ouvisse a Dôr?" afirmando que "Capricho de Concerto" é certamente a mais notável das suas composições. Lamentávelmente já em 1870, Joaquim de Vasconcelos, dizia que "Todas estas composições ficaram em manuscripto, salvo uma ou outra foi litographada". São conhecidas as seguintes pautas musicais (1) e (2):

- Amores, Amores (Não sou eu tão tola que caia em casar)(1)

Música: José Dória
Letra: João de Deus (1830 - 1896)

- Coimbra - Recordações (Coimbra, terra de encanto)(1)

Música: José Dória
Letra: João de Lemos Seixas Castelo Branco (1819 - 1890)

- Ela por Ela (Mais florido que um palmito)(1)

Música: José Dória
Letra: João de Seixas Castelo Branco

- Os Quadros (Tango)(2)

Música: José Dória

Ficam pois algumas notas biográficas, sobre este grande compositor e intérprete,figura determinante nos primórdios do Canto e da Música de Coimbra, cuja vocação era a música, mas que quiz o destino que tivesse sido médico.
Joaquim de Vasconcelos entristecia-se quando ouvia José Doria dizer que "se acusava amargamente de ter fugido à sua vocação" e concluía: "Ganhei a vida a perdê-la".
Para o povo de Coimbra, foi "um artista e um benfeitor" diz-nos Joaquim de Vasconcelos, na página 91, do seu livro "Os Musicos Portuguezes", Vol. I, da Imprensa Portugueza, Porto, 1870.
José Dória, falecera no ano anterior.



(1) Informação do Coronel José Anjos de Carvalho

(2) Pesquisa do Dr. Antónío Manuel Nunes(in "guitarradecoimbra.blogspot.com)